quarta-feira, setembro 29, 2010

A arte da perserverança

Talvez seja a primeira coisa que faz um jovem casal perceber que a lua-de-mel acabou. Pode começar com a escolha do dvd, ou com a compra da máquina de lavar.  Não é somente discordar da preferência do outro, mas defender obstinadamente os seus princípios, a idéia de que a verdade está com você, e ninguém tasca.  Quando é ela que insiste no seu ponto de vista isso se chama perseverança, mas se é ele que não quer mudar de opinião o defeito atende pelo nome de teimosia. Espero que não tenham pensado que eu fosse ser justa com o lado masculino.

Eu e meu marido brigamos sábado passado  porque ele queria comer na sala, e eu na cozinha. Da mais simples e irrisória vontade de estar num lugar e não no outro passamos para um mar de acusações e injúrias. Pode ser o trabalho, o trânsito, a noite mal dormida, o tempo, o período do mês. Não importa. A ordem dos fatores não altera o resultado. É aquele estado em que você pede encarecidamente para não ser contrariada. Basta um se mostrar firme em suas decisões e outro não ceder que a tormenta está formada.

Se fosse crítica de cinema e tivesse visto aquela cena, teria somente uma palavra para descrever o filme: patético. Felizmente nossa intimidade só é mostrada nesse blog. Não é o que acontece com a família do meu esposo. Toda a roupa suja não é só lavada em público, como também passada, engomada e guardada. Abre parêntese, que prazer poder usar isso de vez em quando, fecha parêntese. Sobre ser perseverante, é notória a história de uma tia que continua casada só pelo simples fato discordar do marido. E para provar que há razão precisa colher a oportunidade certa. Assim, passam-se os anos à espera que ele cometa aquele o ato falho para se encontrar satisfeita e vitoriosa.

O casamento sob o ponto de vista médico

Essa semana fui fazer uma consulta com um cardiologista. Nada de mais. Apenas uma batidinha desafinada com as demais.  Meu marido foi comigo. Se o mundo for divido entre as espécies que vão acompanhadas ao médico e as que vão sozinhas, eu pertenço ao primeiro grupo. Nunca faço um exame sem uma pessoa do lado. Nem mesmo com ginecologista, para isso existem as mães. Quiçá de qual neurose faz parte essa fobia? 

Conheço esse doutor há algum tempo. Demorou anos para passar no vestibular. Se para entrar na faculdade de medicina exige um sacrifício árduo, imagine o que não se faz para se tornar a mulher de um Dê erre (Dr.). É uma competição desumana entre as jogadoras. Terminadas todas as vagas sobram as de amante. A secretaria de meu médico conseguiu só o segundo lugar. Ela e a senhora K. , a vencedora oficial, elevaram a concorrência para um nível internacional. Procuram rivalizar na maquiagem francesa, nas bolsas italianas e nos jeans americanos. Humilhante não é chegar a uma festa e ver uma mulher com um vestido igual ao seu, mas saber que as duas roupas foram pagas com dinheiro proveniente do mesmo bolso. Entre o vexame e o cinismo, salvam-se as aparências.

Você é a próxima. Emersa bruscamente dos meus devaneios, por um momento, duvidei sobre o que de fato a secretária se referia. Pela primeira vez, me sinto contente que meu marido não seja um grande estudioso. Ainda não falei que ele é casado em segundas núpcias. Calma, não passei a perna em ninguém. Era livre, leve e solto quando o conheci. Da sua antiga patroa, nada a declarar. Nesse ponto, é um gentleman. Mesmo quando procuro um mexerico, me responde que nunca fala mal das suas ex. Ufa, posso ficar tranqüila. Sobre o quê, querida? O médico. É muito bom, muito disputado.

segunda-feira, setembro 27, 2010

A afeição e o veneno


Já aconteceu de você se esbofetear perguntando por que não vai embora? Se serve de consolo você há muitos irmãos e irmãs espalhados pelo mundo. A mãe dos idiotas é uma parideira em constante período fértil. Não se ofenda, por misericórdia, mas é uma das explicações mais usuais para continuar presa a um casamento. Parece que um dos sintomas da idiotia apresentado nos cérebros das esposas é o bloqueio dos membros superiores e inferiores, impedindo de caminhar até a porta de saída.

Ainda prefiro essa resposta a aquela que apresentou minha colega do curso de inglês T. Casada há cinco anos e há seis meses é apaixonada por um companheiro do mesmo curso. E o marido? Sou muito apegada a ele. Juro solenemente que não vou rir. Bem, devo dizer que se afeiçoar a objetos de recordação de um tempo feliz não faz parte da minha personalidade.  Não coleciono lembrancinhas de aniversário, nascimento, batizado, muito menos souvenir da última viagem que não combina nem com a poeira da sala. Já minha cara T. ainda conserva o último mimo da sua bela festa de matrimônio: o noivo.

Mais uma vez peço perdão a algum que se identificou com esse “modo excêntrico” de acumular coisas inúteis. Meu marido guarda até hoje os troféus, quase nada enferrujados, do campeonato de pimbolim. Ele diz que sofro de um distúrbio maníaco de me desfazer de tudo. Um adendo: acho que certos conceitos psíquicos não deveriam estar ao alcance de homens medianos enfurecidos com mulheres superiores. Faz crer que sabem alguma coisa de psicologia. Continuando, outro dia se encrespou comigo porque joguei o inseticida fora. Estava vencido. Você acha que ia fazer mal às baratas? Pelo menos elas terão uma morte mais digna com um veneno novinho em folha.

Mi casa e tu fora de casa


Aviso aos navegantes: Pedimos gentilmente à clientela que é alérgica a clichês de se afastar velozmente desse texto. Decidindo continuar, é por sua conta e risco.


Durante um combate é comum uma dos oponentes recorrer ao famoso “os incomodados que se mudem” para derrubar o adversário.  O golpe é usado principalmente pela parte que é em nítida vantagem patrimonial. Atingido no seu orgulho, o rival demora alguns segundos para se recompor e prosseguir na luta. Nesse ínterim lhe passa pela mente o que acontecerá se fizer da porta da rua a serventia da casa.


Vejamos as opções: voltar para casa dos pais? Os que passam pela experiência de chamar um lar doce lar de meu, dificilmente querem voltar para um lar doce lar teu. Ou pior: a figura opressora masculina também se encontra atravessando a outra porta. Aluguel sozinha? Pode ser, deixando de se alimentar três vezes por semana. Se não tiver filhos há a possibilidade de compartilhar um apartamento com uma amiga. Montar uma república nessa idade­? Que embaraçante!


Diante de uma possível derrota, o lutador deve agir rápido. Saca logo a arma disponível: o novo código de direito civil. Separação total de bens, pensão alimentícia, pacto antenupcial, blá, blá, blá... um pouco de astúcia não faz mal a ninguém. Com isso, a discussão se prolonga até tarde e o corpo-a-corpo atinge outro nível. O importante é desviar a atenção do inimigo do campo de batalha: a nossa casa.
Moral da história: Botar pra fora é um lugar comum e sem graça. Quer pegar essa estrada? O caminho pode não ter volta. Quem avisa amigo é.

sábado, setembro 25, 2010

Trilha sonora da vida a dois


Se você abrir um manual do tipo “como salvar seu casamento”, o primeiro verbo indicado é “ouvir”. Deve ser conjugado diariamente. Concordo em gênero, número e grau. Mas quem são as pessoas verbais? Não sou eu, tu ou ele. São elas: nossas amigas, nossa mãe e até nossa cachorrinha. Os ouvidos delas estão sempre prontos.  Escutam nosso desabafo, encontram os impropérios mais precisos e o que é melhor, nos dão sempre razão. Quantos matrimônios não se mantêm em pé graças a uma orelha de pinico.


Meu marido detesta que eu conte nossos problemas para alguém. O que acha que escrevo? Um blog de poesias? Ele não se abre com ninguém. Minha inquietação era saber como fazia para desanuviar a tensão depois de uma briga. O curioso é que podemos ter o mais tenebroso arranca-rabo durante a noite e ele acorda leve como uma pluma. A solução estava embaixo do meu nariz, ou melhor, do lado dos meus ouvidos. A catarse acontece durante o sono. O estresse é dissipado com a estreita passagem do ar pela faringe. Ou seja, ele ronca. E isso me exaspera. Não é só pelo barulho contínuo. É injusto que depois de um desentendimento, eufemisticamente falando, ele ressone e eu encharque o travesseiro.


Da série de piadas “Acredite se quiser”: antes da nossa primeira noite, eu perguntei, e ele foi sincero. Ronco um pouquinho, mas se te incomodar posso fazer uma cirurgia. Hahahahahaah! Faz-me rir esses votos pré-nupciais.


Antes de fechar o quesito sonoro, ainda tenho outro desconforto. Será que meus ouvidos são sensíveis demais? Tenho ataques de nervos cada vez que ouço um pum estrondoso do meu marido. O que ele responde? Calma, amor, é só ar. Não tem cheiro.

Ser ou não ser serena?



Hoje é meu aniversário.  Fiz trinta e uns. Pausa para reflexão... um, dois, três. Basta! Mais um número e dobro a esquina da depressão. Como evitar pensamentos nefastos nessa época? Implique com o seu marido. Descarregue nele toda a sua frustração por não ter se tornado superpoderosa. Ano passado fiz isso e passei a data em brancos e lisos lençóis. Como não gosto de me repetir, em um momento de lucidez farei uma trégua na guerra. Juro que só por hoje deixarei de lado o sarcasmo e a impaciência.  Por um dia não brigarei.

Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras.

A promessa não dura meia hora. É suficiente ir ao banheiro e ver que a descarga ainda continua quebrada.  Faz uma semana que faço a caca com um balde do lado. Ninguém merece! Quando Deus criou a mulher disse: você suportará todas as dores da maternidade, e você, homem, pra não se sentir inútil consertará todos os buracos da casa. É um pecado que meu marido não leia a bíblia, prefere dormir nos seus momentos de folga.

Assim, quando o seu sono já estiver bastante reparado poderá dizer até breve a sua preguiça e pegar a caixa de ferramenta. Oh, como sou desastrada, não consigo lavar a louça sem fazer barulho! Que pena que acordou! Trimmmmm!! Começou a queda de braço pra decidir quem irrita mais o outro. No meio do bate-boca saco a arma fatal que pesa na consciência: Logo hoje você quer discutir comigo? Não precisei nem chorar.
...
É noite e meu aniversário está quase acabando. Pergunta pertinente: ser ou não ser serena? Depende, na vida tudo é relativo quando se trata de pipi e otras cositas mas.

sexta-feira, setembro 24, 2010

Beleza põe firmeza

Meu marido não faz o ciumento escancarado, daquele que carrega nas perguntas. Onde você foi? Com quem? Quantos homens tinham lá? Esse é o tipo que as minhas amigas escolheram pra casar. O meu, a desconfiança transparece no olhar. Não pense que estou dormindo. Tô com um olho aberto e outro fechado. É dessa maneira que me está fixando agora, enquanto escrevo. É suspeitoso do tempo que passo no computador, mas não desce um degrau do seu orgulho para saber o que estou fazendo. Prefere o ataque sutil, como na vez em que disse que meu aspecto estava desagradável à vista. Amor, até os olhos querem a sua parte. Não quer também um soco no meio?

Penso que a beleza não traz só sensações prazerosas para a companhia do lado, ela também faz triunfar até o fracasso mais presumível. Essa reflexão me veio em mente depois que fui à festa de uma antiga colega de escola. I. era uma garota que passava longe da graciosidade. A falta de charme lhe fazia ser esnobada pelos meninos e humilhada pelas meninas. Piada maldosa da época: só em duas ocasiões o padre lhe dirigirá a palavra, batizado e funeral. Ninguém apostaria um centavo que um dia I. atravessaria a igreja vestida de branco. Qual não foi a minha surpresa ao receber o seu convite de casamento.

Por que alguém que eu não via há quase duas décadas me chamaria para sua cerimônia de matrimônio? Fiquei intrigada com esse pensamento até ver o noivo. Pense num moço bonito. Agora multiplique por cem. Uma pãozinho doce. A estaca de firmeza que segura qualquer relacionamento. Finalmente a menina feia conseguiu atrair todos os olhares de cobiça que nunca tinha recebido. Bem, o alvo não era propriamente ela, mas quem se importava?

Muitas mulheres se importavam. A que encontrei no banheiro feminino espirrava veneno: Meu primo já ficou com ele. E daí? Minha colega I. nunca foi ciumenta.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Apólice de seguro matrimonial



Ninguém conhece melhor a intimidade de um casal do que o seu vizinho. Nos primeiros meses de convivência mútua, nós moramos num apartamento de 60 metros quadrados. Difícil de acreditar? Era a descrição do imóvel no contrato de aluguel, mas eu me sentia mais cômoda numa lata de sardinha. Hoje me sinto à vontade para difamar aquele muquifo. Era o apê de solteiro do meu marido, por isso não podia falar mal, feria os seus sentimentos viris. É um lugar muito digno de se viver. Digno o escambau, ele levava pra lá todas as suas caças. De que gênero eram? Bem, na primeira faxina que fiz pra liberar espaço, encontrei um par de botas vermelhas que ia até a virilha. Quando eu penso naquela coisa, só peço a Deus que tenham sido usadas por uma mulher de verdade.

O pior era acordar às segundas, quartas e sextas com o vizinho que fazia a barba. Como é possível? Experimente morar numa casa em que as paredes não passam de 15 centímetros de espessura e você sentirá até o prestobarba bater na pia do banheiro. Pelo menos não era elétrico, dirá o caro leitor. Seria um suplício matinal. Mas o tacanho do lado não nunca iria desperdiçar dinheiro com aparelhos inúteis, caros e extravagantes. É a sua resposta ao consumo de qualquer eletrodoméstico. O homem era um muquirana de primeira, obcecado em poupar corrente elétrica. Aí de mim se deixasse a luz do corredor acesa. Quem diria sim no altar segurando um mão de vaca?

A minha vizinha H... mas por que ela não dava um pé na bunda desse avarento? Lembra da primeira frase que eu escrevi. Não me referia à nossa intimidade, mas a deles. O cara economizava energia durante o dia para gastar à noite. E o pobre do meu amorzinho dizia: é um maníaco, um doente. Queria evitar comparações com o seu desempenho. Estávamos juntos da pouco e eles já tinham feito bodas de bronze.

Já fez alguns anos que me mudei daquele bairro. Mas outro dia encontrei os nossos antigos vizinhos na fila do banco. Ela ainda conservava aquele olhar de satisfeita quando nos víamos pela manhã na padaria. Ele, dentro da calça, a mesma apólice que assegura seu casamento, gratuita claro.

quarta-feira, setembro 22, 2010

O hábito faz o marido

Já falei que meu marido é um pouco mais velho que eu? Precisamente 15 anos. Adora se vangloriar com os amigos: Garanti minha bengala na velhice. Eu acho super-romântico ser comparada a um bastão. Mas pelo andar da carruagem, ele tem razão, a artrose está comendo seu joelho.

Não vou mentir. Preocupa-me ser enfermeira no futuro. Já minha prima G. não se importaria se estivesse no meu lugar. Dentro do seu âmago, há uma necessidade urgente de cuidar de alguém. É aquele tipo que arruma a sobrancelha alheia, sabe. Licencinha, tem uns fios bagunçados aqui. Posso? Pronto, melhorou! Na igreja, entre uma oração e outra aproveita pra ajeitar o vestido da filha, desamassar a camisa do menino. E quando estes crescerem, dedicação exclusiva ao marido pidão. Sim, porque aquele ali é do tipo: G., traz a toalha, minhas meias, o relógio. Por fim, o controle remoto que está a 50 centímetros da sua mão.

Dizem até que essa relação quem acaba construímos somos nós mesmas. Incentivamos esse péssimo hábito de ser obsequiosa desde o primeiro dia porque sacia um pouco o nosso instinto maternal. Será? No fim das contas, a dependência é fator determinante pra segurar muitos casamentos. Seja ela serviçal, financeira, ou afetiva como é mais comum. Todo mundo conhece alguma história de casal em que um se nutre do outro. Definha só de imaginar que um dia a pessoa amada possa se afastar da sua órbita.

É, mas quem sou eu pra dar palpite nas síndromes amorosas. Morro de medo de analista. Por isso, de agora em diante aqui em casa vai ser assim: hora do almoço, todos sentados à mesa. Quer o queijo ralado?Pega lá na geladeira.

terça-feira, setembro 21, 2010

Pera, uva, maçã, salada mista

Antes de me casar, uma das minhas grandes preocupações era com a comida. Explico. Adoro cozinhar, mas não queria passar pelo que minha mãe passava: "Falta sal, o feijão tá duro, o arroz tá colento e a carne queimada". A cada refeição, uma lamentação do meu pai. Mesmo que pra nós, os filhos, o que faltava mesmo era mais comida.

Meu namorado me aliviou. "Eu como de tudo, meu coração". Como é fácil passar mel na boca dos outros. A frustração veio com o pão nosso de cada dia. Não adianta fazer um molho diferente porque a lasanha tem que ser a bolonhesa todo santo domingo. A carne é sempre bife e o arroz branco. Nem invente um salpicão, salada só de maionese.

Ih, tá me dando uma fome essa conversa. Vou comprar umas coisinhas na feirinha do bairro. Que eu me lembre, salada de frutas ele come. Espera... vem uma vozinha lá do passado. "Hum, tá muito mole essa salada." Não é que as frutas estão azedas, ou secas, ou podres. A reclamação que um ser humano normal faz. A consistência não está dura o bastante. Hoje eu mostro o que é dureza.

Na barraca de F. o marido é todo safadeza com as senhoras que passam. Eles estão casados há 19 anos. Não têm filhos. Ela fez todos os exames, não deu nada, mas ele não quis nem ouvir em espermograma. Adoção? "Nem pensar, não quero bastardos na minha família."

Mas eu sei porque F. suporta as grosserias do marido. Tem medo da concorrência das frutas. É mulher-melão prá cá, mulher-morango pra lá. "Eu como sou um maracujá de gaveta"... passa por nós uma melancia e o desavergonhado logo grita: hoje a banana tá em promoção!

É, lá fora é uma selva, ou melhor, um pomar. Se combate todos os dias por uma espécie masculina. Quando consegue a sua porção, ninguém quer arriscar novamente.

Ah, sim, como foi apreciada minha salada de fruta? "Amor, acho que esses pedacinhos estão grandes!"

Grrrrrrrrrrrrrrrrrr!!!

segunda-feira, setembro 20, 2010

Sócios fifty-fifty

(clique na imagem para aumentar)

Você que está chegando agora, acomode-se. Espiche as pernas, estique os braços e dê aquela bocejada violenta: ahhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!! Tá confortável? Pois bem, é sobre isso que vamos conversar: o conforto. Imagine que quando você compra um sapato, ele precisa ser usado algumas vezes até se tornar cômodo, a mesma coisa acontece com o sofá e a calça jeans. O problema é quando ele já está bem batido e você persiste em não jogar fora.

Assim, são alguns casamentos. Desgastados, embolorados, com a data de validade vencida faz tempo. Mas nos seus cálculos é mais saudável continuar casados. Pelo menos financeiramente. Comodamente falando, no matrimônio os gastos domésticos são divididos por dois. Uma só despesa de água, luz, telefone, internet, TV a cabo, aluguel, supermercado, etc. Em tempos de crise, é melhor ficar juntos. Receitas somadas, orçamento gordinho. Não vamos aqui pensar naquelas disputas do décimo – terceiro: ele quer uma moto e você, trocar o piso da sala.

Nunca fui fã de contabilidade, já minha amiga E. há uma mentalidade, digamos, bastante numérica,. Foi a única da nossa turma a fazer faculdade na área de exatas. É também a única fazer parte da B1. Preste atenção nessa letra, já, já explicaremos o que significa. É feliz no casamento? Ninguém sabe. Uma boa contadora não faz esses questionamentos. Mas ela revela o segredo do sucesso da sua gestão empresarial. O meu salário somado com o dele dá uma renda per capita que permite entrar na classe média alta, ou seja, a B1!. Com esse montante eles podem comprar a tão desejada cama King Size com colchão Top Line.

Manter um padrão de vida como esse exclui outros prazeres. Ter um bebê não cabe na planilha. Seriam três bocas para o mesmo orçamento. O resultado da conta diminuiria consideravelmente! Iríamos voltar para a B2.

Vendo dessa forma, o casamento como uma empresa em que os dois são sócios fifty-fifty , a falência também deverá ser solidária.

domingo, setembro 19, 2010

O cartão de fidelidade

Caro visitante, acho que já percebeu que não estou à procura das respostas óbvias para a pergunta acima. Se ainda não chegou a esse nível, então não leu a Apresentação e se leu e continua a pensar que é o amor a solução para o problema proposto, insisto, está no lugar errado. Há zilhões de sites lá fora que se dedicam ao casal feliz e apaixonado. Aqui, se discute assunto de gente grande.

Por exemplo, a preguiça. Sabia que a minha colega de trabalho era um pouco preguiçosa nos seus deveres, mas no relacionamento a dois é muito pior. D. tolera há anos o seu cafajeste pelo simples fato de que começar um novo romance dá um trabalhão! Amiga, só de imaginar em fazer tudo de novo. Me dá uma canseira! Jogo de sedução: olha, não olha. Liga, não liga. Dá ou não dá. Quem foi que inventou isso? Superada essa fase ainda tem mais, porque no início fechamos os olhos aos defeitos, sorrimos amplamente para a sogra e engolimos em seco o ciúme. Quando se está casado há algum tempo esse disfarce de boazinha já não precisa mais.

Tenho que concordar que é realmente um saco tentar decifrar as intenções masculinas. Minha ansiedade não aguenta. Por sorte, tenho um senhor supersincero comigo. Desde o princípio fomos direto ao ponto. Certo que há ocasiões que pediria um pouco de dissimulação da sua parte. Tesouro, essas gordurinhas aí do lado não estavam presentes na nossa cerimônia de casamento. Tesouro, o caralho!!!

Ih, o telefone tá tocando!

Minha amiga D. acabou de contar que seu marido a levou no motel depois de muito tempo porque acumulou pontos no cartão de fidelidade da rede ""Cê que sabe". Hahahahahahaha!!!!

Entendeu a piada? E o trocadilho?

sábado, setembro 18, 2010

Mea culpa

Hoje nós vamos falar de culpa. É, sim, ela própria. Um dos principais motivos porque minha cara amiga C. não vira a pagina da sua vida. Ela sempre foi a mais simpática de todas as garotas. A adorável C. sorri até para as árvores. Quiçá por isso, não quer sair de vilã na historia. Eu ficaria tão feliz se ele tomasse a iniciativa. Assim, todo o peso da responsabilidade pela ruptura cairia sobre os ombros dele. Já pensou, seria bem mais fácil responder aos filhos. Mãe, por que você se separou? Ah, filho foi seu pai quem quis. Os filhos, eu sei, esses são a nossa razão mor. Falaremos deles em um futuro próximo.

A culpada por não romper o relacionamento é a culpa. Eu me pergunto será que homens sentiriam esse remorso se fossem eles a abandonar o navio que está afundando? Porque parece que é um sentimento tipicamente feminino. Culpamo-nos por não sermos gostosas suficientes (assim nos matamos nas academias e nos regimes), por não sermos boa mãe (todo o amor e atenção nunca são suficientes), até o nosso salário maior do que o dele incomoda a consciência.

Ainda que a culpa seja tão grande não é o suficiente para que os maridos deixem de nos atormentar. Segundo a brilhante dedução masculina, em 90% dos casos é a mulher quem começa a briga. Isto porque não se pode discutir a relação cortesmente, sorvendo uma xícara de chá. Há de sempre precipitar em um feroz bate-boca. Portanto se um problema te aflige, permaneça no silêncio. É preferível a companhia da angústia a ser a causadora das desavenças do casal.

Uma última coisa: me isento de qualquer responsabilidade pelo dano que este texto possa causar.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Mulher macho, sim senhor!



A grande questão do momento não é “por que não encontro o amor da minha?” ou “por que ele não me ama?”. O que tem estufado os bolsos dos analistas é “por que não ponho um ponto final nessa história?”. Por que? Por que?

Eu fui a última das minhas amigas a se casar. Na verdade, praticamente me obrigaram. Não que eu faça parte de uma família arcaica e nem estava grávida. Digamos que precisava regularizar uma situação. Outro dia entro em detalhes  E com isso vivi  todas as crises matrimoniais das minhas queridas amigas. Traição, violência, dinheiro (a falta dele). Cansei de ver elas se debulharem em lágrimas na minha frente. E quando pensava que tinham chegado ao fundo do poço, elas cavavam mais ainda só pra ver o que tinha embaixo. Eu, na minha santa ignorância, aconselhava: separa, vai viver sua vida. Crente que elas estavam decididas, me despedia pensando que uma solteira ressuscitava.

Dias depois, e aí como foi? Ah, tá tudo bem. Como tá tudo bem? Como era frustrante, ninguém seguia meu conselho! Qual mistério existia entre aquelas paredes que fazia apagar toda a mágoa, secar as lágrimas e desfazer as malas? Bem, quando você casar, vai saber. E cá estou eu, escrevendo esse blog.
Será que nós, mulheres, não somos “macho” o bastante?

Isso me faz lembrar de B. A esteticista que fazia minha depilação. Era sócia do marido no salão. Mas ele a tratava como uma serva.  Humilhava a bixinha na frente de todos os clientes. E ela, toda sorridente me arrancando os pelos. Eu pensava comigo, essa aí suporta tudo.  Até que um dia, quando volto pro ritual completo: barba, cabelo e bigode. B. não trabalha mais aqui. Então, tchau e bença. Entre a curiosidade e a necessidade, fui encontrá-la num esquálido salãozinho de um bairro pouco seguro. Desta vez, a depilação se fez com lágrimas. Não minhas.  "Saí de casa e em uma semana ele tirou meu nome do salão, pediu a guarda da minha filha e colocou uma sirigaita no meu lugar. Perdi tudo, queria voltar, mas ele não aceita."

Foi a última vez que a vi. Logo mudei de cidade. Adivinha por quem?

quinta-feira, setembro 16, 2010

Mil e um motivos para cair fora

Há razões que a própria razão desconhece para continuar ao lado de uma pessoa. A mais óbvia de todas não será aceita neste blog. Estou falando dele, o amor. Aqui não vale alegar “por que o amo”, “ainda estou apaixonada por ele”, blábláblá... É muito fácil falar assim, por isso não vamos aceitar esses motivos. Outro dia discutiremos mais profundamente esse tema.

Sendo assim vamos ao que nos deixa insatisfeitas.

Pra começar não odeio o meu marido.  Temos uma boa convivência, brigamos na média. Os motivos são os mais ridículos possíveis. Tipo: outro dia fomos a uma piscina e ele disse: escolhe um lugar pra gente ficar.  Eu respondi: aquele . Não, é muito longe.  Esse, então. Não, olha o barulho que eles fazem, nem vou poder dormir. E ali ? Não, tem gente jogando bola. Affffffffffffff.... já que sou incapaz de escolher um lugar para nós, por que você pediu ... Ah, foi só pra você pensar que podia decidir alguma coisa.

O habitual sarcasmo para me irritar. Às vezes, até acho engraçado, mas nesse dia o pau comeu. Eu sei, é um motivo idiota. Comparado ao das minhas amigas, é fichinha. O que me faz pensar em A. Essa sim carrega um cruz. O cara é uma besta cavalar. Bebe dia sim, e outro também. Há um ciúme paranóico, e mesmo assim estão juntos já faz dez anos.  Entre tantas explicações que ouvi para essa mórbida relação, segue a última :

A minha amiga é uma pequena empresária e tem como um dos seus empregados o marido. E segundo ela, está difícil achar pessoas de confiança pra trabalhar. Nas suas palavras. “O sexo não é bom, mas pelo menos ele faz a contabilidade direitinho”.

Só rindo pra não chorar!!!
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