Se meus anos dourados voltassem, nesse carnaval realizaria um antigo sonho: me vestir de diaba. Diferente de outros tempos, o tesão de hoje não é pela fantasia sexy e cores quentes que fazem despertar a libido masculina. Mas pelo que a figura representa: a ruindade. Quem nunca sentiu um desejo irreprimível de ser má, deixar de lado as boas intenções, a compreensão, o perdão e castigar mesmo?
Poucos, quase ninguém. A reação é a de torcer o nariz à minha pergunta. Se espicho os olhos consigo até ver aquele beicinho caricato de Lilian Wite Fibe. É uma dobrinha quase imperceptível no canto esquerdo do lábio inferior, mas carregado de uma desmesurada crítica. Conheço a condenação aos que confessam os seus mais íntimos pecados. Mas estamos no período de liberar a franga, e eu vou soltar os meus bichos.
A minha vontade de ser perversa se mistura com a sensação de que o alvo das minhas maldades faz por merecer. Imagine um desses tormentos musicais se repetindo a exaustão na sua cabeça: ♪ pica na latinha, pica na latinha, pica na latinha ♪. A exasperação resultante não chega nem perto da loucura provocada pela repercussão dia após a dia da marchinha: ♪Tá torta a franjinha do Taz! Tá torta a franjinha do Taz! Tá torta a .... CHEGAAA!!! Não agüento mais. Vai fazer esse ziriguindum na casa da @#!!&”Ωψ¥£®.
É uma semana que escuto esse bordão e uma semana que me controlo. Mas agora a sensatez tirou folga e só volta na quarta-feira de cinzas, em seu lugar ficou um monstro impiedoso. E o primeiro que fizer uma observação sobre o corte de cabelo do meu irrequieto filho vai levar um sopapo no pé do ouvido pra sair cantando ♪ala-la-ô-ô-ô-ô, mas que dor ô-ô-ô ♪.
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