quinta-feira, julho 07, 2011

Metamorfose Irritante

Cara leitora habituada às batalhas diárias da convivência marital, você tem três segundos para responder quem é o porta-voz oficial dessa frase “eu não posso abrir a boca pra falar nada”? Sem contar os casais surdos-mudos, pelos quais tenho o maior respeito e apreço (são os únicos que verdadeiramente não gritam um com outro), o único indivíduo que alega insistentemente não haver o direito de se pronunciar no relacionamento é o marido.  

Não faz sentido a mulher recorrer a esse subterfúgio numa discussão porque seria assaz contraditório com a nossa personalidade feminina.  Pela ordem natural das coisas, nós já falamos sem pedir autorização ou mesmo sem esperar que o cérebro da criatura, nomeada por Deus para ser o nosso ouvinte até que a morte nos separe, retorne da zona nebulosa onde se esconde para ver futebol.

Já para o homem, é bastante oportuno usar esse estratagema. Aproveitando da situação entomológica de nos sentirmos culpada até pela cagadinha da mosca no vidro da janela, ele se transforma numa borboletinha sensível e delicada perseguida pela predadora histérica-bipolar- cheia-de-TOCs. E assim ardilosamente diz tudo o que quer valendo-se da falseta de não poder falar nada.

Bem apropriada ao seu propósito, essa metamorfose irritante também é passageira. Como todos sabem, a borboleta vive muito pouco.

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