sexta-feira, dezembro 31, 2010

Ô marido dá um tempo

Vou aguentar
Mas não vou me render agora
Vou aguentar
Mas não vou me render agora
Se segura marido
Pra fazer o cafa tem hora
É, você não está vendo
Que na rua tá assim de mulher-melão
Tem sirigaita adoidado
Todas a fim de entregar os peitão
Ô benzinho dá um tempo
Deixa essa preguiça ir embora
E é por isso que eu vou aguentar
Mas não vou me render agora
É, vou aguentar
Mas não vou me render agora
Vou aguentar
Mas não vou me render agora
Se segura marido
Pra fazer o cafa tem hora
É que o baby-doll sexy foi afastado
O pijamão no lugar ficou
E uma muvuca de vacilos sexuais
Deu mole e a libido baixou
Quando a sogra mete o bedelho
O coro come a toda hora
E é por isso que eu vou aguentar
Mas não vou me render agora
É, vou aguentar
Mas não vou me render agora
Vou aguentar
Mas não vou me render agora


e muitos tintins essa noite a todas as minhas leitoras!

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Diálogo da constatação


- Papá!
- O papai foi trabalhar, mas a mamãe tá aqui.
- Papá!
- Amorzinho, a mamãe te esperou noves meses. Enjoou, engordou, teve dores horríveis, sofreu um parto cesáreo...
- Papá!
- Ela te amamentou com o peito sangrando, não dormiu por semanas, chorou com suas cólicas...
- Papá!
- Todos os dias ela te leva pra passear, assiste Telettubies com você, brinca de esconde-esconde e ainda limpa, lava, passa, cozinha...
- Papá!
- Oh filhinho, você podia mostrar um pouquinho de gratidão né?
- Papá!
- Ainda bem que você tem mãe super-bem-resolvida e com a auto-estima lá cima, senão iria achar que você gosta mais dele do que de mim.
- Papá!

terça-feira, dezembro 28, 2010

Saindo do buraco

É uma reação clicheriana. A mocinha se encrespa toda e pra mostrar o tamanho do seu desvario joga o anel na cara do rapaz.

Ela - Não sei onde estava minha cabeça quando me casei.
Ele - Você que insistiu, eu nem queria.
Ela - Ah, é? Pois pode pegar essa merda de aliança e ENGOLIR.

E foi o que ele fez. Literalmente.

Entrevista pro Fantástico.
Ela – Eu não tava acreditando. Fiquei olhando pra ver se ele tinha escondido debaixo da língua.
Ele – Na hora me subiu um nervoso e não pensei duas vezes.

E depois?
Corrida pro pronto-socorro, raio-x e terapia de laxante.

E agora?
Bem... tem uma pessoa cagando e andando pra aparências e uma outra usando uma autêntica aliança de merda.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Um curta de lengalenga

Uma amiga me escreveu contando a enésima briga com o marido. Me vi como diretora do curta-metragem.

Ok. Três, dois, um. Gravando. (Cena 24 – Briga número 23)
- Não aguento mais.
- Meu amor, não fica assim.
- Você me prometeu que ia mudar.
- Mas eu mudei...
- Mudou o caralho!

Corta!
- R., minha estrela absoluta, menos indignação. Você sabe, a mulher tem que parecer ofendida, mas não tanto. Tem de deixar uma brechinha por onde o homem possa entrever um potencial perdão. E você, Marco Romano, mais expressividade meu filho, desse jeito nem a tetéia mais tonta se comove. Vamos fazer de novo. Três, dois, um...

Ah, quantas vezes não vimos ou participamos dessa cena.  O enredo é quase o mesmo. E os atores, fazem o papelão de sempre.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Um poema




Não leio poesias
Tenho medo delas.
São tão simplezinhas
Singelas
E de repente te desarmam
Te desconcertam.

O que isso tem a ver com o blog? Nada, mas o espaço é meu, portanto...

terça-feira, dezembro 21, 2010

Um presente de grego

Minha amiga P. me ligou pedindo uma opinião sobre o presente de natal do marido. Queria dar um relógio. Caríssimo. Estranhei. Em uma semana já tinham ido e voltado às vias de fato umas três vezes. Por que adornar um tosco com um objeto tão luxuoso? Perdoem-me a falta de delicadeza. É Natal, época de se confraternizar, e eu, como sempre, pregando a discórdia, mas o sujeitinho é um imprestável. No último aniversário presenteou P. com uma balança de banheiro, e o que é pior, uma autêntica muamba Made in China. Que miserávão!

Mas a vingança pode ser doce e refinada. Ele vai se afogar no próprio remorso. Bem, cada um com suas convicções. Mas precisava se desfazer de três zerinhos da conta bancária? “Recebi como pagamento de uma dívida de anos”. Agora entendi o plano: tirar uma desforra do inimigo posando de boazinha e sem gastar um tostão. Que espertinha! O problema era fazer passar por um produto novinho em folha. Eu não tenho nada contra artigos usados, (exceto roupas íntimas) e frequento brechós de peito aberto, mas o moçoilo em questão é um bocadinho irascível. Descoberto o engano, iria bufar de raiva como pato donald.

Questão de ordem sobre a interpretação do manual de amor dos personagens de desenhos animados: por que uma patinha tão meiga e bonitinha como a Margarida se envolve com um fiasco averso a qualquer esforço bem-sucedido como esse pato? Definitivamente não é o meu tipo. Mas quem sou eu pra criticar relacionamentos estapafúrdios.

Voltando à minha amiga, depois de uma bela polida, uma caixinha de veludo de gosto duvidoso e uma garantia impressa velozmente, é pronto o presente de grego. Com mais essa história caro leitor, me diga e sinta-se em casa para discordar se quiseres: não pense que o casamento esconda pequenas fraudes cotidianas para sustentar uma já claudicante estabilidade?

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Hoje a noite é bela, juntos eu e ela... (será?)

Alguém pode me dizer por que o Natal é considerada uma época de paz, união e amor? Não conheço um período do ano melhor para arruinar a harmonia de um casal.

Primeira provacação: Ceia de natal.
- O ano passado ceamos com a sua família. Esse ano é com a minha.
-  Aquela sua tia do salpicão de frango vai?
- Vai começar a implicância?
­- Não! Só uma curiosidade, quantos dos seus parentes tiveram diarréia no dia seguinte?

Segunda: Décimo-terceiro.
- Amor, a gente podia usar pra fazer uma viagenzinha.
- Preciso pagar o cartão de crédito.
- Ah coração, você não pagou com a comissão que recebeu?
- Usei pra comprar um GPS Wi Fi pro carro.
- Aquela porcaria que não serve a nada? Tu é uma besta mesmo!

Terceira: Presente pro filho:
-  Um gormit? O que é isso?
- É um guerreiro alienígena.
- Não é melhor um brinquedo que estimule o seu aprendizado, desenvolva sua criatividade, amplie sua inteligência...
- Já fiz o pedido.
- Sem me consultar?
- Se Papai Noel precisasse de consultoria feminina não moraria no Pólo Norte.

Quarta: Enfeites natalícios.
- Que bonita a decoração de Natal do vizinho, né?
- Parece um carro alegórico.
- Todas aquelas luzinhas ao redor da casa.
- Imagine o consumo de energia.
- Olha, tem até uma rena.
- Que veadagem!
- Queria eu ter um marido veado como aquele.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Apresentação - unidos como cães e gatos


Aqui é um espaço pra você que apenas raspou em uma das situações acima. Enfim, uma pessoa normal: está infeliz, insatisfeita, descontente, mas não larga o osso. Fica ali roendo, sem saber o porquê.

Atenção, isto não é escritório de advocacia especializado em divórcio, não fazemos nenhum tipo de propaganda neste sentido. Burocraticamente falando, hoje é tão fácil se separar que nem precisa mais de advogados. Pena que o resto continua tão complicado.

Então, há mil motivos pra sair e só um (ou alguns poucos) pra ficar? Entre. Desabafe, grite, chore. Mas também ria, ria muuuuito porque isso não é o muro das lamentações.  É o paraíso da auto-ironia. O lugar perfeito pra você fugir daquela ilusão da vida a dois. Deixe a máscara cair, ninguém tá vendo.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

O nome do filho

- Você já pensou em um nome?
- Tava pensando no do meu pai.
- Mas seu pai se chama Gérson.
- E daí?
- Daí que eu tou grávida de uma MENINAAAA!!
- A gente pode colocar Gérsona.
- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!
- Ou Gérsina.
- Por que isso agora?
- Queria homenagear meu pai.
-Mas ele sumiu de casa.
- Não é verdade.
-Abandonou você e sua mãe.
- Ele saiu pra trabalhar...
- É, com a mala cheia de roupa.
- Você tem um nome melhor?
- Sim. Ana Carolina!
- Ah, não! Essa é sapatão!
- Quem é sapatão, meu querido?
- Essa cantora.
- Como você sabe?
- Toda cantora de MPB é sapatão.
- Preconceituoso!
- Egoísta!
- Machista!
- Manipuladora!
- Grosseirão!
- Rancorosa!

A lista de nomes feios é vasta e sortida. Difícil escolher.

Pérolas aos porcos


Corações sensíveis e mentes puritanas, não ultrapassem essa linha.

De madrugada, abraçadinhos, depois de fazer amor:
Ela – Quero passar toda a minha vida ao seu lado.
Ele – É uma ameça?

Uma banal discussão:
Ele – Vai pra puta que pariu!
Ela – Vai você!
Ele – Não, você!
Ela – Você!
Ele – Eu vou, mas depois não reclame.

Os amigs vêm jantar em casa e diante dos convidados.
Ele – O strogonoff da minha mãe é mais gostoso.
Ela – O boquete dela também?

Na loja de roupas femininas, diante da vendedora:
Ele – Quer fazer a madame com meu dinheiro?
Ela – Você não ganha o bastante pra isso.

No banheiro, enquanto ela faz xixi e ele faz a barba.
Ela – Estou grávida.
Ele – É meu?
Ela – Não,  do gerente que você implorou o empréstimo.

No consultório do ginecologista, diante da ultrasom:
Doutor – É um menino.
Ele – Ainda bem, senão precisaria de outro empréstimo...



terça-feira, dezembro 14, 2010

Sete sinais de que seu casamento vai bem, obrigada!




1 - Vocês fazem amor duas vezes por mês. Não acredite que o sexo é o elemento de sustensação de uma relação. Esse discurso é falido e ultrapassado. A boa convivência se baseia na reeducação alimentar, pilates e voluntariado social.

2 - Dificilmente chegam a um consenso sobre  o argumento mais pífio sem antes passar por uma discussão azucrinante. As discussões são saudáveis e levam ao desenvolvimento do senso crítico e fuga do lugar do comum. Não temas, está no caminho certo.

3 - Há uma antipatia mútua e pouco coibida entre ele e seus parentes. Expressar a opinião sobre uma tia inconveniente diante da mesma é demonstração de personalidade sincera e audaciosa. Ninguém quer um bananão do lado.

4 - Excesso de trabalho, horas no computador, insistentes ligações ao celular não são álibis de uma traição. Se o seu marido não encontra tempo para a família é culpa das novas tecnologias que o transformou num escravo do mundo moderno.

5 - Converter-se em uma mulher desleixada. Usar caçolão da vovó, deixar a perna cabeluda (pra não falar de outras partes) e o  cabelo seboso. É um protesto contra a ditadura da beleza.  O homem deveria se orgulhar daquela que transgride a futilidade, supera  a pressão de ser gostosa e e se liberta dos grilhões da vaidade.

6 - Adoção de um programa de tolerância zero aos clichês domésticos como toalha molhada em cima da cama, cabelo no ralo e zapear freneticamente. É um controle de qualidade que se  faz em qualquer empresa seja ela comercial ou matrimonial. Não confundir com falta de paciência.

7 - Ler blogs sobre casamentos naufragados.  Aqui há uma infinidade de razões para justificar essa atitude, menos a de que você está insatisfeita e infeliz. Vejamos algumas:

- É uma maneira de se sentir bem com você mesma ao ver a desgraça alheia.
- Engrossa a fila dos iconoclastas.
- Casar é bom, mas rir dele é melhor ainda.

sábado, dezembro 11, 2010

O mundo é dos que se calam


Essa eu preciso compartilhar com alguém. Antes, um prelúdio. Existem certas perguntas que não querem  calar, mas deveríamos cerrar os dentes para não deixar a assanhada escapar. Minha amiga L. caiu na besteira de abir a boca e soltar a indagação. Depois de fazer amor com seu love num motel caríssimo, estava se sentindo a própria deusa da beleza. Pôs-se no seu melhor ângulo, exibiu as curvas do corpinho que a natureza lhe presentou  e com a voz sensual interrompeu o sono do bofe. "E aí, o que a sua ex tem que eu não tenho? " Oh, oh!!! Meninas, acreditem ou não, ela perguntou. Ele não se deu ao trabalho nem de abrir os olhos. De lá das profundezas da sua preguiça,  respondeu que ela tinha os seios maiores, a pele mais bronzeada e nenhuma estria. Acabou com a pobrezinha da L.

Bem, isso pra dizer que eu entendo a imensa vontadade que temos de conversar, de ouvir uma palavra de apoio, de dividir com alguém nossas incertas. Então, faça isso com sua melhor amiga. Não com seu marido. Não se comporte como a tonta que vos escreve. Por que eu abordei esse tema?  Há dias na vida (às vezes semanas) que acontece  tudo errado.  E um pensamento te persegue: Eu sou um desastre ambulante.  Nem um livro de auto-ajuda serve e nem  mesmo uma olhadinha nas desgraças cotidianas dos telejornais nos lembra de gente em situações piores. É tanta bola na trave que o nível de insegurança atinge valores insuportáveis. É preciso com urgência de uma pessoa para desconstruir essa imagem. E quem seria? Em alguns momentos, ocorre de ser a que estiver mais perto. No caso em questão, o pai do meu  filho. Sentindo o arrependimento pontar lá na esquina da rua eu perguntei:

-  Você acha que eu sou uma boa mãe?
-  Vamos ver.
- Como vamos ver?
- Ainda é cedo pra falar. 

Fiquei muda. Então, vamos esperar vinte anos. Se nesse tempo, ele não quebrar o braço, for o melhor aluno da classe, permanecer longe das más companhias e namorar uma menina legal poderemos dizer que fui uma boa mãe? A indignação tomou o espaço da insegurança. No raciocínio deste indivíduo,  como passo mais tempo com nosso bebê sou a responsável pelo que vai mal. Mas se nosso pequeno Taz começa a caminhar com nove meses e aprende a falar com dez. "Foi o papai que ensinou!"

 Donde se conclui: o mundo é dos que se calam.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Numa noite qualquer, num quarto de um casal, diante do espelho…

- Que stress!

- Que foi amor?

- Nada me serve!

- Por que?

- Olha o tamanho dessa barriga!

- Pra mim tá igual a de ontem. (primeira mentira)

- Eu preciso emagrecer.

- Basta comer menos.

- Como? Se eu tenho fome…

- Ah, experimenta coisas mais ligth.

- Tipo aqueles cereais com iogurt magro?


- É, isso…

- Faz um buraco no meu estômago, às 10:00 comeria um boi!

- Então faz academia ao sair do trabalho.

- Depois de um dia cansativo?

- Anda de bicicleta pela manhã.

- Acordar ainda mais cedo?

- Olha, experimenta aquela ali azul.

- O que você acha?

- Tá ótimo! (segunda mentira) Vamos?

- Que stress!

- O que foi dessa vez?

- Querida, não tenho sapatos que combine com essa calça azul.
- …

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Confissões de uma esposa insone



Sabe, sou meio neurótica pra dormir. Preciso do silêncio total e da escuridão absoluta.  Eu fico deitada, só na espreita pra ouvir qualquer barulhinho. Uma vez, o rumor da água passando pelos canos e enchendo a caixa me deixou alucinada. Levantei e desliguei o registro.  Passeio o dia seguinte a seco. Agora, imagine eu, minha neurose e um marido que ronca. Os três não cabem na mesma cama. Se pelo menos houvesse um intervalo entre ele deitar na cama e adormecer. Mas o seu sono é instantâneo como café solúvel (que paradoxo!). Bastar fechar os olhos e Zzzzzzzzzzzzzzzz... , poucos segundos depois, oincccc, oincccccc!! Não é invenção minha, por mais esdruxulo que pareça,  essa é a onomatopeia do ronco.

Houve um período em que ele passou a dormir na sala, no sofá de dois lugares. O único que tínhamos. Era isso ou a mesa de quatro cadeiras. Ou voltava pra cama e passava a noite inteira à base de cotoveladas e pontapés. É isso mesmo, porque como dizem por aí: quando devo ser boa, sou ótima, mas se tenho de ser má, sou pior ainda. Meu marido não acorda se pedir baixinho,  dá uma mexidinha no braço e soprar o ouvidinho. Tem de ser mais radical. Bendita seja eu que posso recorrer à defesa pessoal. Muitas mulheres sofrem acordadas com essa tortura sonora.

A situação melhorou depois que comprei uma máscara tapa-olhos e protetores auriculares. Recomendo aqueles molinhos, tipo silicone. Encaixam perfeitamente no buraquinho. Da orelha, sem trocadilhos infames! Se você é meio fresca com relação a secreções corporais, nem experimente. Pela manhã, quando tiro aqueles tampões do ouvido. Argh! Que nojeira! Tá bem ensebado!  Nada que um sabãozinho não resolva. E abafa bastante o som.
Por essas e outras que admiro o casal que consegue dormir de conchinha.  Assim abraçadinhos, juntinhos. Até demais pra mim!! Primeiro é uma luta pra tentar se acomodar direitinho.  Encosta pra cá, encaixa a perna aqui, abaixa a cabeça uns 30°. Ufa, achou a posição que agrada aos dois. Trinta segundos depois aquela respiração no pescoço se transforma numa coisa desmedida. O bração começa a pesar na costela. Você vai se sentindo angustiada, oprimida, sufocada... e grita: sai de perto de mim!!

Gostoso mesmo é o travesseiro. Fofinho, se ajusta perfeitamente às minhas medidas. Se tiver com uma fronha 100% algodão e um cheirinho de amaciante. Hum, durmo como uma princesa. A exceção foi a noite passada. Menina, me atacou uma crise de gases.  Nem a feijoada da minha tia tinha sido tão cruel com meu intestino. Mas só foi tomar uma inocente  sopa de cereais . Oh, senhor que suplício eu vivi! Durante a digestão de todas aquelas fibras formou-se uma bolha de ar que se alojou embaixo do meu peito. Aquilo foi crescendo, crescendo. E doendo, doendo. Meia-noite tomei umas gotinhas de flagases  e esperei o resultado.

Não demorou muito e percebi que a flatulência atravessava a barriga em direção a porta de saída. Dava pra sentir que viria um pum violento. Então me preparei toda para desfrutar o fim daquele mal-estar. Respirei fundo, peguei pressão e soltei a bomba. Prrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!! Foi um estrondo, o coberto quase voou e meu marido acordou assustado. O que foi isso? O que foi isso?
 Eu continuei na minha que não sou besta e adormeci aliviada.

terça-feira, dezembro 07, 2010

O bolor que me consolou


Hoje acordei com um anseio irresistível  de tirar o mofo do box do banheiro. Há tempos que aquelas manchinhas nojentas me incomodavam. Na hora do banho, no momento de relax total, água morninha no corpo, espuma cheirosinha escorrendo devagarinho. De repente,  você olha pra baixo e lá estão elas. Impertinentes. Ficam te espiando, zombando de ti. Nunca conseguia removê-las completamente. Depois de cada faxina, elas escapavam sorrateiramente para os ângulos difíceis de serem alcançados pela esponja. Alí, as insolentes se reproduziam de forma avassaladora.

Perturbava-me deveras, mas fui postergando essa empreitada doméstica. Faltava vontade e uma super escovinha. Encontrei-a numa lojinha de utilidades desnecessárias. Era estranha, tortinha. Mas foi um achado. A coragem chegou no domingo de manhã depois de mais uma tentativa de sermos o que não somos. A frustração fez nascer dentro do meu ser o desejo de passar horas no esfregão daquele bolor. Senti que aniquilar a população de fungos me consolaria a alma.

Assim, me enchi de coragem, luvas e detergente potentíssimo.  E como sempre, nesses momentos em que me entrego totalmente a minha profissão de fé, aproveito para fazer as minhas reflexões cotidianas. Sábado à noite, jantamos com um casal de amigos. Agradabilíssimos. Sempre afáveis conosco, mas principalmente entre eles. Por gentileza, pode me passar o sal. Com prazer, querida. Achei lindo!

Amabilidade no meu casamento é como o ar-condicionado que compramos no cartão, só usamos o estritamente necessário.  Pouco antes de dormir cutuquei o maridinho. Propus que deveríamos ser mais delicados um com outro. Ele, com sua sinceridade desconcertante: tudo bem, tesouro. Então, por cortesia, pode me dar a bundinha?
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...