quarta-feira, junho 29, 2011

Não basta ser pai, tem de participar


- O que nós viemos fazer aqui mesmo?
- Como você é distraído! Nem percebeu que há um ano e meio tá morando lá em casa um bebê.
- Engraçadinha.
- Devemos comprar um troninho para o Taz.
- Se ele tiver de ser rei, prefiro que seja do futebol.
- Estou falando de um peniquinho para ele fazer seu popozinho.
- Que mania você têm de chamar tudo de inho. Meu filho né mulherzinha, não.
- O que você acha desse?
- Deixa eu ver. O que? 169,00 reais por um banquinho que apoia a bunda na hora de cagar?
- Fala baixoooo!!
- Taz, meu filho, seu pai tá se endividando na merda.
- Méda! Méda!
- Tá vendo? Acabou de ensinar um palavrão pro menino.
- Boa garoto!!
- Já que se acha tão esperto, você que vai mostrar pra ele como se faz a caca no vasinho.

Tempos depois no banheiro.

- Taz, vem aqui. Olha como se faz cocô.
- Veja lá o que você vai fazer.
- Primeiro você espreme bastante. Hhhhhhhh!!!
- Vai acabar assustando ele.
- Baço, baco.
- Não disse.
- Quer vir nos braços?
- Vai filho, seu pai precisa de muito apoio nessa hora.
- Tá me desconcentrando.
- Ok, faça de conta que não estou aqui.
- Vamos lá. Hhhhhhh... ploft... ploft...
 - Que nojo!
- Tá vindo mais um ... ploft! Viu quanta saúde seu papai tem?
- Heheheheh!!!

segunda-feira, junho 27, 2011

O aniversário da amiga do marido



- Oi, eu queria um daquele azul-turquesa.
- Não tem não.
- E azul-marinho?
- Também não.
- Azul-bebê?
- Muito menos.
- Que tipo de azul você tem?
- Esse aqui.
- Mas isso não é azul, é roxo.
- Aqui na etiqueta tá escrito azul-inverno.
- Ai meu Deus, meu marido vai me matar se eu comprar essa cor.
- Aproveita que tá na promoção.
- Claro! Quem vai comprar esse roxo-mortalha-de-defunto.
- Vai querer ou não?
- Pera aí que meu celular tá tocando.
- Oi querida! Tava pensando em você agora... a festa não vai ser na sua casa, sei... ah, você vai fazer na pizzaria mais chique da cidade, legal... cada um paga a sua pizza... hum, não, tudo bem, sem problema... a gente se vê mais tarde. Beijinho. Unha-de-fome, muquirana, miseravona!
- Então moça?
- Pode embrulhar esse roxo para presente.

quinta-feira, junho 23, 2011

Agora não posso, estou comendo o meu chandelle


Passa-me pela mente, de vez em quando, que resolver os grandes dilemas da humanidade como a guerra no Oriente Médio, a fome na África, a Copa do Mundo no Brasil, deveria ser uma incumbência das crianças. Se há uma espécie nesse planeta capaz de realizar coisas impossíveis, são os pequenos seres humanos da era infantil. Quem mais, se não os nossos filhos, que protagoniza as histórias de peripécias extraordinárias que contamos às amigas e demais ouvintes disponíveis?

- Não acredito que ele fez isso?
- Fez. Não tou lhe dizendo que esse menino é demais da conta?

Já descrevi aqui algumas das façanhas que Taz foi capaz de fazer. Hoje vou falar do que ele não fez. Não reagiu ao apanhar do priminho cinco meses mais velho. Em pouco menos de 20 minutos, levou uma mordida na mão, uns tantos empurrões e doloridas puxadas de cabelo. E não chorou, não revidou, nem correu para os braços da mamãe. Permaneceu mansinho, como se tudo fizesse parte da mesma brincadeira. Não tem malícia, mas a escola e os coleguinhas se encarregarão de ensiná-lo? É a sua propensão natural para o protesto pacífico diante da violência do mundo moderno? Se ele se transformasse no incrível Hulk dois metros e meio mais baixo eu reclamaria do mesmo jeito?

-O que você acha amor?
- Agora não posso estou testando meu novo iPhone.
- É tão maravilhoso assim esse celular?
- Tem todos os programas que você precisa.
- Ah, é? Tem um também para ajudar a educar um filho?
- Ainda não, mas com a nova versão que Apple vai lançar...

terça-feira, junho 21, 2011

Um boi para não entrar e uma boiada para não sair


Você que tropeçou nesse texto googleando a procura de uma receita de vinagrete para o churrasco de domingo, ou você que clicou na sua barra de preferidos desejando ardentemente que a esquisitona da Bobry já tivesse publicado o primeiro de uma série de vários post dessa semana, ou você que empurrado pela curiosidade resolveu seguir um dos milhares de links desse blog que espalhei pelos quatros cantos da internet. Você, leitor, quem quer seja nesse momento, quanto do boi está disposto a dar para não brigar e quanto abre mão para não sair de um barraco?

No meu caso foram quatro bifes de alcatra, meio quilo de acém, um quilo de músculo e uns 300 gramas de coxão mole.

Por que?

Porque existe um acordo assinado nos primórdios da sociedade consumista regulamentando o comportamento do casal quando chega em casa após fazer as compras do supermercado: Regra n. 1 - A mulher, para sentir que conduz alguma coisa, segue na frente com as sacolas mais leves e abre a porta. Regra n. 2 - O homem, simulando uma virilidade que perdeu seu rumo há muito tempo, vai em seguida com os pacotes mais pesados. Regra n. 3 – Em caso de crianças abaixo dos três anos, estas devem ser descarregadas por último a fim de evitar abalroamentos. Regra n. 4 – Faça o favor de não esquecer filhos e produtos perecíveis dentro do veículo.

Por que?

Porque quando a turbulência da vida conjugal tira uma folga, e você passa um final de semana tranquilíssimo, com um marido que se mostra solícito em dividir as tarefas domésticas, um Taz contente em haver um papai por 48 horas só para ele. E você livre das quatro refeições que deveria preparar porque de noite se pede um disk-porcaria e dia todos para a casa da vovó. De bicicleta, claro, pois a família precisa acumular créditos para o paraíso dos ecologicamente corretos. Porque depois dessa vadiagem, a segunda-feira vem acompanhada da cruel realidade. E exalando um odor nauseabundo.

Por que?Por que as carnes, que deveriam estar repousando glacialmente no congelador, foram esquecidas no banco traseiro do carro, entre pilhas de panfletos “Compro ouro”, plantas de construção, cartas de cobrança e leques de papel do carnaval passado.

quinta-feira, junho 16, 2011

Um ponto de interrogação



Era inevitável. A gente sabia que um dia isso iria acontecer. E aconteceu num momento de distração, no meio de uma conversa banal, sem que percebêssemos que isso iria ter consequências mais sérias. Falávamos sobre alguém que faltou a uma festa. “Mas ele não veio por que?”. E de repente somos interrompidos por uma palavrinha petulante e insaciável que pede de imediato uma fornada de respostas fresquinhas, sem lhe dar tempo de preparar a massa para a próxima remessa.

- Pequê?

Como era de se esperar, as falas do siligristido Taz nunca vêm sozinhas. Para reforçar o “não” que renega pela enésima vez a papa do meio-dia, ele faz seus cachinhos oscilarem rapidamente para esquerda-direita-esquerda-direita. E quando quer expressar seus desejos incontidos de menino, imprime na sua voz uma entonação teatral em perfeita sintonia com sua interpretação.  E foi assim com seu primeiro por que: as sobrancelhas arqueando para exprimir uma perplexidade descabida, os lábios se abrindo dissimuladamente numa atitude de incerteza e as mãos pairando no ar, esperando não se sabe o quê. Não tinha nada de original nessa performance. É a caricatura do pai.

Até aquele momento nossos diálogos envolviam somente cândidas perguntas de localização, “Cadê a mamãe?”, depois “Onde tá o coelhinho?”. Agora a situação se complica. São questões que pedem uma explicação. Um jogo perigosíssimo. Sendo o Taz um fora-da-lei que não aceita negociações. Se você deixar a mamãe trocar a fralda, nós vamos para o parquinho. Nnnnnnnnnnnnon!  (esse “não” cuja inicial se perde no infinito é uma das últimas novidades do aprendizado com a vovó italiana); nem mesmo se intimida com as ameaças: Não entre aí. Uhhh, que medo! Ali dentro tem a bunda da mulher-melancia  (um pai normal amedronta o filho dizendo “o bicho papão vai te pegar, o lobo mau vem te comer”, no máximo chama o velho do saco, mas aludir ao traseiro da moça? – no comments). Assim, é esperado um ponto de interrogação a cada cinco segundos.

- Hora do banho.
- Pequê?
- Por que vamos pra casa da vovó.
- Pequê?
- Por que ela tá com saudade de você.
- Pequê?


Devo me iludir e pensar que é só uma fase, uma precoce e passageira contestação do mundo.

terça-feira, junho 14, 2011

Quem nunca pecou, que atire a primeira chupeta



- Perdoe-me padre, pois eu pequei.
- Calma, minha filha. Não é a mim que deve pedir perdão.
- Ah, não?
- Não, primeiro você deve se confessar e pedir perdão a Deus.
- Pois bem, padre. Eu preciso me confessar.
- Agora?
- Sim.
- Aqui?
- Sim.
- Mas nós estamos no supermercado, minha filha.
- Mas não tem ninguém aqui. Tá todo mundo lá na promoção do Yogurt.
- Não pode esperar?
- Eu fiz uma coisa horrorosa.
- Não chore, minha filha.
- Não tenho mais paz. O Senhor tem que me perdorar.
- Eu já disse que é Deus quem perdôa, não eu.
- Mas é dele que estou falando. O Senhor, com S maiúsculo. O senhor, com s minúsculo, precisa mandar um recado pra Ele.
- Me respeite, não sou menino de recado.
- Perdôe-me, padre. Esse perdão o senhor aceita né?
- Tá bom.Pode ir adiantando um pouquinho o assunto, enquanto escolho os tomates.
- Tenho vergonha, padre. Não tenho coragem de falar pra ninguém o que eu fiz.
- Hummm... um pecado obsceno?
- Que isso, padre? Agora é o senhor que tem de me respeitar.
- Mas, o que é de tão grave assim?
- Acho que vou arder nas chamas do inferno.
- Você é uma boa filha?
- Sim.
- É uma boa amiga?
- Sim.
- É uma boa esposa?
- Mais ou menos.
- Isso não é uma resposta pra Deus.
- Padre, vamos pular essa pergunta.
- Ih, minha paciência tá se esgotando. Ou me diz o que é,ou vai se confessar em outra freguesia.
- Vamos fazer o seguinte padre: se, por acaso, o senhor tivesse filhos...

segunda-feira, junho 13, 2011

Quem é essa que passa?


De vez em quando a gente olha em torno, desejando viver uma vida diferente. Veja aquela moça que acabou de passar: toda cheirosa, cabelo ao vento, andar de quem encontra sempre uma porta aberta. Deve ter sido a princesinha do bairro, a mais paquerada no colégio e uma das poucas a ter um namoro efetivo e duradouro na Universidade. Ela acorda de manhã e toma o café tranquilamente, porque não tem necessidade de correr para academia. Abre o guarda-roupa e pega qualquer peça, todas lhe caem bem. Tem a pele luminosa, os cílios longos e um cabelo glamoroso. Aos seus olhos, ela é perfeita.

Mas logo passa pela moça uma mulher mais madura, apressada e entra num carro que aparece no comercial da novela das oito. Antes de bater a porta, você percebe que ela tem um semblante altivo, determinado, como diria sua vizinha “é uma dona cheia das importâncias”. As mãos são firmes, confiantes e experientes em aferrar seus objetivos.  Num segundo, se pega a imaginar essa mulher quando era apenas uma garotinha treinando para as olimpíadas de matemática, mais tarde devolvendo os livros na biblioteca antes do prazo, e agora censurando o porteiro por insistir em chamá-la de doutora, “isso é pra quem tem doutorado, falta pouco para eu chegar lá.”


A senhora para na faixa de pedestre e deixa uma mãe com um casal de filhos pequenos atravessarem. Pelo vidro, ela calcula a faixa etária da família.  A mãe aparenta ter trinta e uns e meneia com graça suas ancas. O menino com uma mochila escolar fica em torno dos cinco, seis anos. E num carrinho de bebê há uma bonequinha de lacinhos cor-de-rosa e menos de dois anos de idade. Todos riem de alguma fofurice que uma das crianças fez. É fácil pensar o quanto a vida dessa mulher é plena. Em nenhum momento do dia ela deve afundar em uma poltrona, soltando lamentos existenciais e sentindo um vazio que nem toda a água do mar mediterrâneo preencheria.

Essa que passa é a fantasia, a nossa mais adorável imperfeição

sábado, junho 11, 2011

Para as que jogam ainda no time de lá


Vamos combinar uma coisa? Marido não é namorado. O primeiro, nós casadas já sabemos, é tudo igual, um comprovante ambulante de todos os clichês (da toalha, do controle-remoto, da preguiça, etc).  O segundo, um pouquinho mais diversificado, são de dois tipos. Existe o de marca e o genérico. Um é bonitão, charmoso, faz a maior publicidade de si mesmo e todo mundo quer pegar. Mas para ter um desses precisa gastar mais. Mais vezes ao salão de beleza, mais vezes à loja de roupas, mais vezes à academia e muitas e muitas vezes no cartão de crédito.

O outro é igual na sua essência, faz o mesmo efeito, mas é muito largadão, fica na sua, faz o tipo “não preciso conquistar você”, não se preocupa com a aparência e geralmente chama a atenção pela barriga. De fato, é entre a parte superior e inferior de um genérico onde se localiza a faixa amarela e o seu ponto G. A vantagem de levar um desses para casa é a econômica, a imitação daquilo que acreditamos ser um homem de verdade sai bem mais barata que a original. Mas somos inseguras e pensamos que é melhor ter um que já faz sucesso. Tsc, tsc, tsc. Que bobagem! Todos os namorados têm o mesmo princípio ativo, depois de subirem ao altar, se especializam na arte de torrar a paciência da mulher.

Então, faça sua escolha. Mas atenção, a anvisa avisa, se um desses produtos não está funcionando bem, pode ser o prazo de validade. Melhor dá uma conferida na embalagem, comprar um novo, ou consultar um especialista. No caso a sua mãe, a melhor amiga, a twitteira de plantão, enfim qualquer terapeuta disponível no momento pra te ouvir.

Um Feliz Dia dos Namorados!

quinta-feira, junho 09, 2011

Na saúde e na doença

Como se não bastasse a TPM que fez entrar em irrupção o pobre do meu útero, peguei um vírus do tipo Palloci, “até os mais fortes caem duas vezes”. Passei os últimos dois dias soterrada em montanhas de lenços de papel, tentando estancar a incontinência do líquido melecóide que escorria das narinas minhas e das do pequenoTaz. Por que assoar o nariz não é um instinto básico, desses que a criança já nasce sabendo, como sugar a teta na hora de amamentar?
Não é fácil ensinar a uma criaturinha de um ano e meio a liberar-se do seu próprio catarro, tendo a voz anasalada e uma moleza que faz seu corpo parecer uma gelatina de morango.

- Bai filho, sopra.
- Snuf, snuf!
- Não, pra fora. Bai, sopra.
- Snuf, snuf!
- Olha como a mamãe faz.  Frrrruuuuu!
- Hehehehehe!!

Não funcionou. O máximo que consegui foi uma imitação do baby Emerson.


O problema é que limpar o muco nasal, assim como o sexo, pode causar sérios danos ao cérebro. Dizem que a força empregada para expulsar a meleca e aquela para atingir o orgasmo aumentam a pressão sanguínea e a possibilidade de romper um aneurisma. Talvez seja por isso que os europeus não têm o menor pudor em fazer esse gesto obsceno em público.  Ei, estou falando do Frrruuuuuuuuuuu, não do ato sexual.

Humm...sinto-me mais confusa hoje do que de costume. Acho que vou voltar pra cama. Mas antes, respondo aos que se perguntam se o maridofe também está resfriado. Of course, not. Por que?

- Querida, quando jurei ser fiel a você na saúde e na doença não estava pensando necessariamente em compartilhar de todas as suas viroses.

terça-feira, junho 07, 2011

O que é a TPM?



- Ai que dor-de-cabeça!
- Novidade...
- Parece que tem um surdo da Mangueira aqui dentro.

Ziriguidum, ziriguidum dum-dum...

- Acho que vou ficar menstruada.
- Opa! É melhor anteciparmos nossa sexta-feira de nheco-nheco.

 Típica Praticidade Masculina

sexta-feira, junho 03, 2011

Ensinando pequenas coisa



- Lixo são coisas usadas, velhas, imprestáveis, que não nos servem mais. É caca.
-Caca!!  
- Isso. Devemos jogar fora. Quer ajudar a mamãe?
- Mamanha!!
- Vou colocar uma fraldinha suja numa sacolinha pra você levar.
- Heheheheh!!
- Gostou? Agora vamos por tudo naquela lata grande. Depois o lixeiro vem pegar com o carro.
- Caro.
- Pronto, joguei o meu. Agora me dá o seu.
- Non!!
- Taz, isso aí é caca. Devemos nos livrar dela. Dá pra mamãe.
- Minha, minha!!
- Eu sei que é sua, foi você quem fez. Mas é hora dela ir embora, seguir seu caminho como tudo na vida.  Vai, solta a sacola.
- NON!! MINHA! MINHA!
- Tá todo mundo olhando, meu filho. Não grita.
- AHHHHHHHHHHH!!
- Tá bom, tá bom. Você se afeiçoou a esse monte de cocô. Quer levar de volta? Tudo bem. A gente guarda junto com seus bichinhos e toda noite você pode dormir abraçadinho a esse saco fedorento.
- Hehehehehe!!!
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