quinta-feira, fevereiro 03, 2011

A família margarina


Estão todas vivas? Espero que sim. O suicídio em massa depois da matéria da Veja sobre famílias famosas e felizes não passou de um temor excessivo. Também com tanto “f” juntos só poderíamos pensar em uma coisa: falsidade pura. O papai e a mamãe cantando Happy Day logo de manhã cedo enquanto o filho passa margarina no pão é uma cena do imaginário coletivo. Mas está no plano do intangível.

Quando era pequena e via esse comercial na televisão pensava que eu era a única criança do mundo que não tinha um café da manhã extasiante. Na minha casa, o dia começava com meus três irmãos brigando pelos últimos bolinhos, meu pai tentando finalizar as correções das provas dos alunos e minha mãe nos milhares de afazeres domésticos. Sobrando em um canto da cozinha, eu sonhava com a família perfeita.

É uma lembrança nostálgica mas nos faz pensar o quanto somos influenciados por modelos ideais que não passam disso: criaturas do mundo das ideias. Não vivem na nossa realidade, onde acordamos de mau-humor, açodados para trabalhar e pagar as contas. Sim, temos desejos, frustrações, anseios, inveja, mas não vamos permitir que esses sentimentos sejam explorados com a visão da foto de Huck, Angélica e seus dois fofíssimos anjinhos. Amiga, creia no que estou pra te dizer: eles também têm problemas, mas sofisticados que os seus, mas têm.

E quando a tentação é grande em fantasiar com “todos foram felizes para sempre” pense em uma pergunta que uma mulher muito, mas muito inteligente fez para a namorada de George Clooney:
- Diz aí, quando George acorda de manhã tem o mesmo hálito de chacal de todo mundo né?

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