terça-feira, agosto 16, 2011

O jogo da verdade


Minha paciência é um paciente em estado terminal. Morre, não morre. O pouco dessa virtude que tenho emprego-a integralmente na convivência com o pequeno Taz. Há um temperamento singularmente frenético que não se conhece caso semelhante nas duas árvores genealógicas que lhe deu origem. Caso a cegonha tivesse um serviço de atendimento ao consumidor já teria sido acionado para questionar sobre desvio na entrega de suas encomendas. Talvez neste momento há uma família de lutadores de wrestling se lamentando de onde seu filho de 21 meses herdou tanta mansidão.


O Taz parece ligado a um amplificador de alta potência, e em tudo o que faz usa o limite máximo de sua energia. Até mesmo quando quer se expressar. Outro dia retornou da casa da avó com uma palavra nova que ninguém conseguia identificar.
- Cocótelo, cocótelo.
- Que bonitinho, cocótelo pra você também.
- Cocótelo, cocótelo.
- Agora chega, é hora da papa. Olha a cenourinha.
- Cocótelo, cocótelo.
- Amor, liga pra sua mãe.

Sabíamos que aquela repetição poderia durar ad eternum se não adivinhássemos o seu significado. E não adiantava trapecear, o jogo da verdade só terminava com a resposta certa e uma indecorosa risada. Então...

- Não tinha um nome mais difícil para ela ensinar? Tipo axinomancia.
- Eles estavam no quintal quando apareceu um.
- E aí Taz, o que foi que você viu na casa da vovó hoje?
- Cocótelo, cocótelo.
- Ah, um helicóptero?
- Heheheheheh!!!

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