terça-feira, setembro 20, 2011

Sem direito a abatimento


Se às quatro da manhã você acorda achando que já são sete, e passa as três horas seguintes insone, emendando um pensamento sombrio atrás do outro como num cordão de bandeirolas de festa junina, ou é uma criatura abestalhada que se priva do seu descanso em troca de  uma dor-de-cabeça para o dia seguinte, ou um prisioneiro da imaginação, um condenado a vida, com um pé na realidade e o restante do corpo no mundo da fantasia. Te posso conceder um desses atributos: Os dois não, porque aí se igualaria a mim.
Sofro de um pessimismo crônico, e se as coisas não estão bem, ainda tem espaço pra ficar pior. Com medo do breu da madrugada, a autoconfiança se esconde debaixo da cama, e  é difícil resistir à tentação  de viajar na maionese e vê o caldo entornando cada vez mais. Tudo culpa do carteiro. Coitado, seu crime foi entregar uma conta com excesso de zeros. A gordinha acabou não pegando o elevador para o andar dos débitos saldados porque o crédito da família já estava na sua capacidade máxima.
Paguei pra ver, e agora sei que casamento é mesmo a união de duas pessoas em busca de uma (dí)vida comum: a prestação do carro, o plano de saúde, a mensalidade da escola. Dá para tirar o sono da primeira à última noite do mês. Me sinto abatida, mesmo sem ter direito. Esse pertence a tantas outras mulheres que nem o usufruem porque a falta de tempo e  o acúmulo de infortúnios não deixam. Para vencer o derrotismo, só aprendendo a viver com duas camisetas e uma calça jeans. O que o marido acha da proposta?, Ok, se for da Levi's eu topo.

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