quarta-feira, fevereiro 23, 2011

A origem de uma idéia




Retornei. É por demais previsível, mas não resisto a contar como é viajar com o pequeno Taz durante nove horas seguidas. Tenho a impressão que ele vive em outra realidade temporal. Apenas trinta minutos depois de partirmos, já tinha acontecido tudo o que era esperado pelo percurso todo. Em pouco tempo passou do êxtase pleno com as novidades da sua primeira viagem, ao aborrecimento absoluto quando percebeu que não dormiria no seu cafofinho.

 E nesse ínterim, testou a solidez dos vidros e funcionamentos das botões tantas vezes que deixaria no chinelo um técnico do Inmetro. Tornou-se conhecido entre os passageiros pelos seus grunhidos tazmanianos, perdeu o interesse rapidinho por todos os apetrechos eletrônicos e luminosos que trouxe na bolsa e passou os cinco dedos na merenda de outro menino.

Após três horas de combate cedeu ao sono. E eu pude aproveitar para ver um filme. “A Origem” concorre ao Oscar de roteiro original por contar a história de um homem que tenta implantar na cabeça de outro homem uma ideia. Pensei cá comigo: até aí a originalidade se restringe aos personagens masculinos. Por que? Há muito que as mulheres são versadas na arte de fazer com que os maridos pensem que a iniciativa partiu deles. (Pensou que eu não conseguiria pegar uma carona no tema pra falar mal deles. Ledo engano!)

A técnica é aprimorada com o tempo e nasce invariavelmente da necessidade de manter a paz no seio da família e garantir ao homem a patente de comandante da relação. É usada nas mais inusitadas situações, mas sempre com o mesmo objetivo: criar uma situação aparente em que ele pense ter tomado uma decisão exclusivamente sua.

- Querido, não precisa nos acompanhar na viagem pra casa da mamãe.
- O prazer não será todo meu.
- Pois é. Vai faltar ao trabalho, se estressar e gastar por nada
            - E as malas...
- A gente despacha todas.
- O Taz?
- . Eu consigo domar nossa ferinha (espelho, espelho meu, quanto convincente pode ser uma mentira?)
- Tem certeza que não precisa de ajuda?
- Amor, sabe que eu me viro muito bem sem você.
- Eu vou e fim de papo.
- Você é quem decide...

2 comentários:

  1. Ai Bobry, estava com muitas saudades dos seus posts. Acho que viciei!

    Em março viajarei com o meu Taz de 8 meses por 3 horas, espero que ele durma o percurso todo? Ilusão? Sim, e o que é a vida sem ela. Ah e claro, ela é amiga inseparável da esperança, entonces...

    Quanto a decisão de maridôncio tomo a mesma partida que a sua, sempre dá certo e viva a paz conjugal.

    Bjs pros dois.

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  2. Obrigada Cris!! Gostaria de escrever mais posts.O problema é que o Taz quer exclusividade da minha atenção, energia e criatividade.

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