terça-feira, maio 31, 2011

A apanhadora no campo de brinquedos


Há uma caixa do tipo Lego que aportou aqui em casa por volta do décimo-primeiro mês do pequeno Taz. Os tijolinhos, que servem para criar torres, edifícios e castelos, são dignos da sua atenção exclusivamente quando há alguma coisa a ser destruída e não construída. Com o tempo, os bloquinhos se reproduziram como os Gremlins e de duas dúzias passaram a centenas e você encontra espalhados por todos os cantos: debaixo do travesseiro ao acordar, dentro do box ao tomar um banho ou quando abre uma das gavetas do armário da cozinha para pegar uma concha.

Entre os tantos bichinhos de diversos tamanhos e habilidades, um dinossauro que lhe presentearam no último Natal passa a maior parte do dia pedindo atenção com uma musiquinha até simpática, mas depois de trocentas repetições se transforma num tormento sono. Deve ser desligado antes de dormirmos porque se você se levanta no meio da noite para uma mijadinha básica e tropeça nesse monstrinho verde, automaticamente ele demonstrará toda a sua carência afetiva cantando “Oi, oi, oi! Eu me chamo dodô, um dinossauro eu sou”.

E como esquecer as encantadoras formas geométricas? Triângulos verdes, quadrados azuis, retângulos vermelhos e bolas amarelas. Projetados por engenheiros da diversão graduados com louvor nas melhores universidades, e indicados por psicopedagos conceituadíssimos, esses joguinhos deveriam dar a noção de cores e espaço, e permitir que as crianças expressassem sua ligação com a família através do ato de encaixar e desencaixar. Mas  esse exercício não durou muito porque as pecinhas foram parar nos buracos das caixas de sons do home theater e assim ficamos sem um som de cinema e o pequeno Taz manifestou apenas seu desejo de agir em contradição com toda e qualquer regra.

E por que eu vim chorar minhas pitangas justamente contra os pobres objetos lúdicos do meu filho? Porque olhando para o parque de diversão da minha sala nesse momento, eu tenho a impressão que não sou mais a esposa ou a mãe, muito menos a mulher, essencialmente me tornei tão e somente uma apanhadora no campo de brinquedos.

Um comentário:

  1. Bobry, mais uma vez Você traduziu, com um humor irremendável, a minha realidade.
    Haja paciência para as tais musiquinhas dos brinquedos e os dos DVD's então? Até sonho com a galinha que usa saia...
    Bjs pros dois.

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