sexta-feira, maio 06, 2011

Ver com bons olhos



Quando vejo tua paixão precoce por carros crescer desmesuradamente a ponto de acordar de madrugar e ao invés de você chamar papai ou mamãe, te ouvimos gritar obsessivamente “máquina, máquina”, penso que não é um sinal de que se tornará um piloto de corridas e fará do coração de sua pobre mãe a bateria mais estrondosa da Sapucaí, mas um que será o melhor engenheiro mecânico da General Motors e passará os seus dias atrás de um computador, comodamente e bem seguro, desenhando motores.

Quando você chora desesperadamente por uma insignificante tampa de garrafa, esperneia nos locais públicos querendo apanhar para sua coleção o maior número de cascalhos e pedregulhos que encontra pelo caminho, ou dorme horas a fio segurando uma saboneteira de 1,99, não é um indício de uma personalidade modesta, singela, sem grandes pretensões na vida, prefiro te imaginar como um que enxergará além das aparências e descobrirá o valor de cada coisa, sem preconceito ou intolerância.

Quando te vi aos sete meses subindo os degraus da escada como se fosse o filhinho do homem-aranha, aos doze saltando de uma altura vinte centímetros maior que a sua e aos dezoito meses brincando prosaicamente com ondas que assustariam um adulto no seu primeiro dia de praia, ignorei a sensação de estar diante de um novo adepto de esportes radicais que se apaixonará por alpinismo e terá como meta escalar a montanha K2 no Himalaia aos 16 anos, mas pressenti que você irá perseguir os seus sonhos ferrenhamente e não se intimidará diante de nenhum obstáculo.

Quando percebo que você é avesso a qualquer regra ou norma de comportamento que eu tento te ensinar, faz questão de por em desordem todos os objetos que estão cuidadosamente organizados, incluindo nesse rol não só os seus brinquedos, mas os livros, DVDs, álbuns de fotografia, e ainda zomba de mim com aquela carinha de quem não tá nem aí para as minhas reprimendas, não consigo te ver como um mal-educado e arruaceiro, e sim como um contestador, anticonformista que escreverá ensaios sobre a escravização das convenções e a nova ordem social.

Enfim, meu pequeno Taz, como toda e qualquer mãe, olho para o seu futuro com bons olhos. Mesmo que de vez em quando uma ruguinha na testa traia meu olhar ou uma sobrancelha franzida demonstre certa severidade, se pudesse escrever sobre o homem que um dia você vai ser, diria que será grande, enorme, imenso como o meu amor por ti.

Um beijo a todas as mamães de anjinhos, princesinhas e pequenos Taz.

2 comentários:

  1. Amei esse post, me levou as lágrimas. Feliz dia das mães para vc. Beijinho no Taz....

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  2. Que lindo amiga.

    Adorei, fiquei emocionada.

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