terça-feira, outubro 05, 2010

Por que acreditamos?

Às vezes repetimos determinado comportamento na vã esperança de que resulte em alguma coisa. Tomamos vitamina C quando já estamos gripados. Continuamos a comprar creme anticelulite mesmo sabendo que ela nunca nos abandonará, e ainda fazemos ou ouvimos promessas do tipo “não mais agirei dessa forma”. A confiança na mudança é limitada, mas existe. Um bocejo, caro leitor? Contenha-se, por favor. Sei que é um argumento trivial, mas é difícil resistir. Pra animar um pouquinho a platéia, cantem comigo Eu não quero dizer, nem quero acreditar que vai ser diferente, que tudo mudou...

Canções inesquecíveis à parte, a situação mais comum para fajutos juramentos num relacionamento é depois de um grande derramamento de lágrimas. A paz precisa ser selada. Faz-se um tratado em que ambas as partes se comprometem a ceder milímetros no seu egoísmo em benefício do amor comum. Ah, se bastasse... Os vícios do homem e as vicissitudes da vida impedem que os acordos sejam cumpridos. Veja o caso de N. O governo é o culpado pela sua infelicidade. O marido torra o salário nas slot machine, depois garante que é a última vez. Mas a ineficiência na repressão aos bingos clandestinos corrompe o rapaz.

Tão desnecessária quanto a promessa é a pergunta que faço ao desabafo da minha amiga "E você acreditou nele?" Conselho antes da aplicação: faça como uma provocaçãozinha inofensiva ou perderá a amizade. Sem muitas delongas sobre o assunto, por si só demasiado enfadonho, podemos sintetizar que se pode tirar proveito até da inutilidade. Olha a sua volta, há alguma coisa na sua casa que não serve a um belo nada, mas você conserva esse objeto supérfluo. E ainda sonha com o dia, a despeito de todas as prerrogativas em contrário, em que ele mudará de posição.

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