terça-feira, dezembro 21, 2010

Um presente de grego

Minha amiga P. me ligou pedindo uma opinião sobre o presente de natal do marido. Queria dar um relógio. Caríssimo. Estranhei. Em uma semana já tinham ido e voltado às vias de fato umas três vezes. Por que adornar um tosco com um objeto tão luxuoso? Perdoem-me a falta de delicadeza. É Natal, época de se confraternizar, e eu, como sempre, pregando a discórdia, mas o sujeitinho é um imprestável. No último aniversário presenteou P. com uma balança de banheiro, e o que é pior, uma autêntica muamba Made in China. Que miserávão!

Mas a vingança pode ser doce e refinada. Ele vai se afogar no próprio remorso. Bem, cada um com suas convicções. Mas precisava se desfazer de três zerinhos da conta bancária? “Recebi como pagamento de uma dívida de anos”. Agora entendi o plano: tirar uma desforra do inimigo posando de boazinha e sem gastar um tostão. Que espertinha! O problema era fazer passar por um produto novinho em folha. Eu não tenho nada contra artigos usados, (exceto roupas íntimas) e frequento brechós de peito aberto, mas o moçoilo em questão é um bocadinho irascível. Descoberto o engano, iria bufar de raiva como pato donald.

Questão de ordem sobre a interpretação do manual de amor dos personagens de desenhos animados: por que uma patinha tão meiga e bonitinha como a Margarida se envolve com um fiasco averso a qualquer esforço bem-sucedido como esse pato? Definitivamente não é o meu tipo. Mas quem sou eu pra criticar relacionamentos estapafúrdios.

Voltando à minha amiga, depois de uma bela polida, uma caixinha de veludo de gosto duvidoso e uma garantia impressa velozmente, é pronto o presente de grego. Com mais essa história caro leitor, me diga e sinta-se em casa para discordar se quiseres: não pense que o casamento esconda pequenas fraudes cotidianas para sustentar uma já claudicante estabilidade?

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