segunda-feira, abril 18, 2011

Fragmentos da vida a três


(Perdoem-me o blackout da última da semana, aconteceu de tudo um pouco. Depois eu conto em detalhes.)

- Vai acordar o Taz.
- Não vai não.
- Vai sim, ele ta dormindo no nosso quarto.
- E daí? Não tem nada de mais.
 - Se ele ver alguma coisa, ficará traumatizado.
- A desculpa da dor-de-cabeça era melhor.
- Ta bom, ta bom. Mas rapidinho.
Minutos depois.
- Mamanha, papaia!
- Oi amor! Você acordou.
-Mamanha, papaia!
- O que foi? Nós te assustamos?
- Mamanha, papaia!
- Olha aí, eu não te falei. Agora o menino ta em estado de choque.
-Mamanha, papaia!


- Como é que o bodinho faz?
- Méééééééééé´!
- Como é que a vaquinha faz?
- Múúúúúúúúúú!
- Como é que o gatinho faz?
- Miááááááááááu!
- Epa, que gato aveadado é esse?
- Chegou o macho-man!
- A mamãe ta ensinando tudo errado. Escuta o papai. Como é que o leão faz? Grrrrrrrrr-ouuu!
(silêncio)
- Taz, repete com o papai. Como é que o leão faz? Grrrrrrrrr-ouuu!
(silêncio)
- Porque ele não responde?
- Você não ta fazendo a pergunta certa. Taz, imita a mamãe. Como é que o papai faz quando quer ser metido a besta? Grrrrrrrrr-ouuu!


Na segunda viagem mais longa da sua vida, o pequeno Taz deu um show com seus pulmões de aço. Notas agudas do seu pranto ininterrupto alcançaram a freqüência mais alta da escala musical. Ao final, uma passageira se aproximou para comentar o espetáculo. Era uma senhora de idade. Ufa! Pensei, a velhinha vai ser piedosa. Deve ter um netinho que também chora a noite inteira quando não consegue dormir. Quem sabe, dará até um conselho. “Experimenta um chazinho com a raiz do pé-de-alface. É tiro e queda.” Mas não foi bem assim.
- Como o filho de vocês grita. Meus ouvidos estão doendo.
O maridão, afiado como uma navalha, não perdeu tempo e disparou a resposta.
- Não sei quem ele puxou. Minha mulher e eu gritamos só quando fazemos amor. Quer ouvir como é?

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