domingo, abril 10, 2011

Mamães pernas-de-pau


Me sinto um lixo. Eu sou um lixo. No segundo seguinte ao fato, eu percebi quanto lixo eu ainda poderia ser. E não foram só os gritos de reprovação da avó somados ao choro instantâneo da queda que me fez apreender a minha profunda imprestabilidade. Dessa vez, ao tentar impedir o Taz, pela enésima vez, de engolir uma moedinha, o esforço para reter o objeto tão cobiçado o fez perder o equilíbrio e cair de boca no chão. Com o impacto, o lábio superior se cortou e um fio de sangue escorreu longamente. Em meio a lágrimas que desciam desembestadas pelo rosto, ele estendeu os bracinhos para eu acudi-lo.

O que pensar nessa hora, o que pensariam os outros, o que pensa o Taz? “Mamãe, eu não fiz por mal, só queria brincar um pouco”. “Porque estou sentindo essa dor, foi a senhora quem me machucou?”. Sim, meu filho, fui eu. Eu com minha falta de destreza, meu despreparo, minha impaciência. Sou eu a responsável por todos os tombos quando não chego a tempo para te amparar, pelos seus resfriados quando no calor te faço suar e no frio te deixo descoberto. Respondo também pelas suas birras, quando na minha incompetência, não distingo o que é a sua individualidade e o que é um limite.  

O desabafo não é para angariar votos de compaixão. É para demarcar um território: a das mamães pernas-de-pau. Aquele tipo, que como o jogador de futebol, adora o que faz, mas no fundo, no fundo, sabe que nunca vai fazer gol. É a bola murcha entre as genitoras.  Era tão desengonçada para segurar o bebê que os parentes viviam apavorados com idéia de que isso provocasse um desvio na coluna da criança. E mesmo depois de centenas de trocas de fralda, ainda não consegue baixar o tempo gasto na tarefa. Obter êxito no banho? Sem um saldo de pranto, só duas, máximo três vezes por semana.
                                                                                             
Resta dizer que apesar desses atos desastrosos somos abençoadas com um amor puro e irrestrito. Quando a criaturinha deveria se afastar, é pra você que ela corre pedindo conforto e proteção.

4 comentários:

  1. Querida Bobry, por que me identifico tanto contigo???

    se vc souber, me responda!

    bjins

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  2. Hi Bobry! Geralmente rio até chorar com seus posts, agora estou aqui chorando até rir.

    Tudo que escreveu é a mais pura verdade. E é que além de mães, também somos humanas e em evolução junto deles (o(s) Taz(´s)!).

    Bjs pros dois.

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  3. Ainda não sou mãe, mas lá no fundo, sei que se um dia eu for, assim eu serei, uma perna-de-pau!

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  4. Nossa vc está realmente traumatizada com essa estoria de mãe perna de pau. Não se preocupe eles sobrevivem e nós também. E eles jamais se cansam de correr até nós. Mesmo com 20, 14 anos quando eles se dão mal correm pros nossos braços. Tenho bastante experiência nisso. Ai vc pensa somos realmente abençoadas pois mesmo que os safados dos maridos caiam fora, os pequenos permanecem. Atormentando, mas permanecem.....

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