segunda-feira, setembro 27, 2010

A afeição e o veneno


Já aconteceu de você se esbofetear perguntando por que não vai embora? Se serve de consolo você há muitos irmãos e irmãs espalhados pelo mundo. A mãe dos idiotas é uma parideira em constante período fértil. Não se ofenda, por misericórdia, mas é uma das explicações mais usuais para continuar presa a um casamento. Parece que um dos sintomas da idiotia apresentado nos cérebros das esposas é o bloqueio dos membros superiores e inferiores, impedindo de caminhar até a porta de saída.

Ainda prefiro essa resposta a aquela que apresentou minha colega do curso de inglês T. Casada há cinco anos e há seis meses é apaixonada por um companheiro do mesmo curso. E o marido? Sou muito apegada a ele. Juro solenemente que não vou rir. Bem, devo dizer que se afeiçoar a objetos de recordação de um tempo feliz não faz parte da minha personalidade.  Não coleciono lembrancinhas de aniversário, nascimento, batizado, muito menos souvenir da última viagem que não combina nem com a poeira da sala. Já minha cara T. ainda conserva o último mimo da sua bela festa de matrimônio: o noivo.

Mais uma vez peço perdão a algum que se identificou com esse “modo excêntrico” de acumular coisas inúteis. Meu marido guarda até hoje os troféus, quase nada enferrujados, do campeonato de pimbolim. Ele diz que sofro de um distúrbio maníaco de me desfazer de tudo. Um adendo: acho que certos conceitos psíquicos não deveriam estar ao alcance de homens medianos enfurecidos com mulheres superiores. Faz crer que sabem alguma coisa de psicologia. Continuando, outro dia se encrespou comigo porque joguei o inseticida fora. Estava vencido. Você acha que ia fazer mal às baratas? Pelo menos elas terão uma morte mais digna com um veneno novinho em folha.

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