quarta-feira, setembro 29, 2010

O casamento sob o ponto de vista médico

Essa semana fui fazer uma consulta com um cardiologista. Nada de mais. Apenas uma batidinha desafinada com as demais.  Meu marido foi comigo. Se o mundo for divido entre as espécies que vão acompanhadas ao médico e as que vão sozinhas, eu pertenço ao primeiro grupo. Nunca faço um exame sem uma pessoa do lado. Nem mesmo com ginecologista, para isso existem as mães. Quiçá de qual neurose faz parte essa fobia? 

Conheço esse doutor há algum tempo. Demorou anos para passar no vestibular. Se para entrar na faculdade de medicina exige um sacrifício árduo, imagine o que não se faz para se tornar a mulher de um Dê erre (Dr.). É uma competição desumana entre as jogadoras. Terminadas todas as vagas sobram as de amante. A secretaria de meu médico conseguiu só o segundo lugar. Ela e a senhora K. , a vencedora oficial, elevaram a concorrência para um nível internacional. Procuram rivalizar na maquiagem francesa, nas bolsas italianas e nos jeans americanos. Humilhante não é chegar a uma festa e ver uma mulher com um vestido igual ao seu, mas saber que as duas roupas foram pagas com dinheiro proveniente do mesmo bolso. Entre o vexame e o cinismo, salvam-se as aparências.

Você é a próxima. Emersa bruscamente dos meus devaneios, por um momento, duvidei sobre o que de fato a secretária se referia. Pela primeira vez, me sinto contente que meu marido não seja um grande estudioso. Ainda não falei que ele é casado em segundas núpcias. Calma, não passei a perna em ninguém. Era livre, leve e solto quando o conheci. Da sua antiga patroa, nada a declarar. Nesse ponto, é um gentleman. Mesmo quando procuro um mexerico, me responde que nunca fala mal das suas ex. Ufa, posso ficar tranqüila. Sobre o quê, querida? O médico. É muito bom, muito disputado.

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